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OKI DO YOGA MEDITAÇÃO SHIATSU CHI KUNG TAI CHI EMF
 
Artigo publicado no Jornal Bem Estar nº58 junho/08 - Porto Alegre
 
P R A T H Y A H A R A
Uma prática de treinamento do yoga para "desligar" sem ruptura.
ODILA ZANELLA

P r a t h y a h a r a é um dos princípios do Clássico Sistema do Yoga que orienta o ser humano para uma condição equilibrada e positiva, no estudar e no agir, para alcançar a Totalidade - Samadhi. Este princípio – prathyahara - é muito importante e, possivelmente, não é o mais conhecido em nossas classes de yoga. De fato, enquanto praticante do yoga, permiti-me, por muito tempo, apenas citar prathyahara como um dos angas – estágios do yoga. Suas traduções como: ”controle dos sentidos” ou “abstração” pareciam-me de pouca aplicação, ao menos para iniciantes. Meu empenho girava em torno dos asanas – as posturas -, por se tratar de uma atitude mais física. Poder sentar-me na postura de lótus e meditar já significava um avanço. Prathyahara, o princípio que ensinava a “desligar os sentidos”, implicaria formular uma pergunta que eu ainda não sabia elaborar?

À medida que amadurecemos, nossas percepções da realidade passam a depender menos do que é imediato e concreto e atribuímos credibilidade a outras possíveis impressões dessa mesma realidade. Em outras palavras, ao ampliarmos nossa consciência, aumentamos também nossa habilidade de interagir com sistemas de energia. Conforme nos sentimos crescendo como seres energéticos, compreendemos o quanto não nos apropriamos desta habilidade que nos permite experimentar a multiplicidade de manifestações da Energia. Com efeito, estamos habituados ao mundo da matéria, modulado pela luz do sol.

Assim sendo, parece-me mais saudável sugerir que o iniciante tome consciência do seu próprio corpo, na sua possível totalidade, como ele o conhece, enquanto descansa/relaxa.
Prathyahara - desligar os sentidos físicos – torna-se então desligar-se do habitual modo de lidar com a Energia, particularmente, aquela forma sob a qual ela é percebida como matéria. À medida que nos capacitamos como seres energéticos mais completos, aumentam nossas possibilidades de escolhas, ou seja, percebemos que não estamos limitados à matéria, que essa é apenas uma das formas da Energia se manifestar. Nossas escolhas são reflexos de uma maior clareza/percepção quanto às formas de expressão da En ergia. Os sentidos físicos poderão naturalmente se desligar ao se estabelecer uma ressonância com outras formas de Energia, ou isso pode ser obtido por meio da ativação consciente de um processo desenvolvido através de treinamento.
De fato, Prathyahara não é uma prática para iniciantes, pois subentende conhecer/estudar outras instâncias. Assim sendo, parece-me mais saudável sugerir que o iniciante tome consciência do seu próprio corpo, na sua possível totalidade, como ele o conhece, enquanto descansa/relaxa. Será nesse contexto – da prática do yoga – que ele buscará aumentar esse entendimento e, passo a passo, incorporar uma percepção mais dinâmica da estrutura energética do seu Ser. Conhecer os Sistemas Energéticos acessados por diversas culturas milenares e/ou suas releituras contemporâneas é fundamental, pois eles trazem informações relativas à nossa atmosfera energética. E, na medida em que pensarmos nessas possibilidades, irão ativar-se, naturalmente, outras impressões dos sentidos, por exemplo: sentir-se a autocura, como no caso da reconstituição do tecido/malha energético donosso ser; ver-se uma planta além de suas flores, folhas...; escutar-se o que uma pessoa não diz; perceber-se a chuva ciente de que acima das nuvens está ensolarado.
É importante que as pessoas, no seu cotidiano, retomem o modo natural de sair da situação de stress/tensão. Enquanto continuamos apegados aos apelos dos sentidos - das influências externas - não podemos desatar o stress.

Enquanto treinamos para desenvolver, em relação a tudo o que nos acontece, uma percepção oposta àquela a que somos apegados ou habituados, criamos uma condição independente dos sentidos e das emoções. Prathyahara, segundo Oki do Yoga, é a “prática de treinamento para a padronização de si mesmo e para obter das coisas uma percepção destacada”. “É, mas não é. Não é, mas é”. Sempre com plena consciência!

Como dito acima, Prathyahara é um treinamento importante da prática do yoga, que não pressupõe alcançar um estágio em si mesmo, mas a capacidade de atrelar os estágios entre si. Normalmente sabemos onde estamos e onde desejamos estar, mas haveria outra impressão possível em nossa consciência, entre a primeira e a segunda possibilidade? Vejamos o exemplo: para acessar dhyana – estágio da meditação/vazio – treinamos dissolver o apego ao dharana – estágio da concentração/cheio. Prathyahara pode estar associado ao começo ou ao final, mas, ainda assim, é uma percepção independente das instâncias em que escolhemos estar. Criativo e misterioso - um treinamento para “desligar” sem ruptura – Prathyahara, parece-me ser esse estágio, o treinamento para atrelar.

É importante que as pessoas, no seu cotidiano, retomem o modo natural de sair da situação de stress/tensão. Enquanto continuamos apegados aos apelos dos sentidos - das influências externas - não podemos desatar o stress. Prathyahara habilita-nos a nos colocar além das influências externas.

Prathyahara são escolhas energéticas em atualização permanente. Ou, a Liberdade que todo coração humano deseja Ser. De fato, sem o apego, ganhamos maestria sobre as influências externas dos sentidos físicos que nos “enganam”, e conquistamos uma consciência livre para sermos mestres de nós mesmos.

  Namaskar!
Odila Zanella é professora de Oki do Yoga em Porto Alegre RS
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