HOME
OKI DO YOGA MEDITAÇÃO SHIATSU CHI KUNG TAI CHI EMF
 
Artigo publicado no Jornal Bem Estar nº61 set/08 - Porto Alegre RS
 
O QUE FAZ NOSSA EXISTÊNCIA
AGRADÁVEL É O FLUIR DO Qi

Prana é o que se busca apreender nas vivências do Yoga
e a primavera pode nos ajudar nesse processo.

ODILA ZANELLA

A maneira mais direta de sustentar a nossa ligação com toda a criação é armazenar Qi que é o fundamento da vida. Viver deixa de ser uma experiência agradável quando esse suprimento é interrompido. Sentir o Qi é a experiência humana interminável.

O Conceito de Qi

O conceito de Qi vem dos filósofos chineses. Outras denominações são encontradas, também, entre povos primitivos. Sua compreensão continua sendo buscada nas mais diversas áreas do conhecimento, mas parece estar além do intelecto. Os físicos, num contexto mais atual, também apreendem, pouco a pouco, sua natureza e o denominam de Energia. E o que nos conecta ao coração do yoga de 5000 anos atrás são as informações a que somos remetidos através da denominação de Prana.

O Qi da Primavera

Quem não sente o Qi da primavera? Esta estação tem um movimento explosivo, que mexe com a nossa sensibilidade. Os chineses o denominam de Qi da Madeira.
Aparentemente é fácil falar da primavera, pois é um ciclo em que o Qi se torna mais visível, cria formas diversas e podemos ver. Despertamos para uma realidade antes oculta, quieta e concentrada, a do inverno. Poucos falam do inverno, isto é, do potencial da semente empacotada na casca que, protegida no escuro do solo, guarda as formas, para expressá-las na primavera. A primavera é a manisfestação.

É desse modo, observando a primavera, que podemos imaginar a Primavera do Universo. A origem de todo Qi. A Energia que tudo move. A teoria científica do Big Bang diz que tudo começou com uma gigantesca explosão. Antes deste evento, nada sabemos. É o não manisfesto. Não vamos falar do inverno, do que não podemos ver. Da primavera, quase, não seria necessário, pois todos, já, somos testemunhos das visíveis formas – da erupção das sementes às flores, do vento, das alergias. O homem não pode conhecer como surgiu a primeira pressão, luz e som, atribuída ao Big Bang, que imprimiram um ritmo contínuo no universo. Mas, percebe algo que vem de uma Fonte Cósmica. Mesmo não acreditando, são os nossos antepassados cósmicos. A luz do sol torna alguns fenômenos vísiveis, como exempo, a vida no nosso planeta.

As Estações

Mas como essas manifestações do universo chegam até nós? Pela continuidade do Qi. Ou melhor, resultam de um contínuo agregar e dispersar do Qi que são observadas no microcosmo e macrocosmo. Dito de outra forma - mais cosmológica: o modelo de um universo dinâmico decorre de uma contração e de uma expansão, ou seja, a densidade da matéria não permanece constante. Ou de modo cotidiano: a continuidade do Qi é marcada por estações; indo de um extremo a outro; de um estado mais material, concentrado- inverno, para um estado mais fluido, rarefeito – verão.

Na concepção Taoísta, o Qi expressa cinco movimentos, tanto na atmosfera como no homem. São as cinco fases no ciclo das estações: a energia de repouso no inverno; energia de expansão na primavera; energia de estabilização, num nível elevado de liberação, no verão; energia de contração no outono; e quando as quatro fases se manifestam, num mesmo período, temos a energia em equilíbrio central.

O Qi em nosso Ser

Sugere-se prestar atenção a estas manisfestações da Natureza, pois elas ressoam, também, em nosso ser, queiramos ou não. A fisiologia oriental, que destaca os caminhos do Qi no corpo humano, é sutil; explica como o Qi ou o Prana é recebido pelos órgãos e glândulas. Exemplo: o fígado apara o Qi da primavera – o da madeira, e sua forma, em nós, é uma emoção – impulsiva, firme, com uma dose equilibrada de cólera, o suficiente para crescer, sem violência.

Existem cintilações (pranas), que para ingressar em nosso corpo, devem ser decodificadas pelos chakras que tem como lugar de sustentação as glândulas. O yoga indiano concebe este sistema - chakras. Assessorados por este e outros sistemas, o yoga oferece técnicas que nos faz render ao agradável fluir do prana ou Qi. É a experiência interna que dá significado a nossa vida emocional e menal. O verdadeiro pranayama acontece quando é experimentado nesse contexto.

Qi da Primavera em nossas Vidas

Na primavera, o Qi da atmosfera acende em todas as direções. Este movimento, para o exterior, altera nossas vidas: nos torna ágeis; somos tocados pelo clima ventoso e acelerados pelo pólen ácido, trazendo idéias criativas; a luz se intesifica e levamos nossos projetos adiante.

A primavera espalha o Qi. Se nos sentimos muito parados, as correntes coletivas nos ajudarão, se, do contrário, já somos agitados, calma! Nossos hábitos devem ser repensados a cada estação. Da mesma forma, as práticas yogikas. Receber a condição exterior – as diferentes manifestações do Qi, é oferecer ao nosso ser, autoconhecimento que nos leva seguir às Leis da Natureza.

Primavera é estação da criação! Se podemos perceber e sentir gratidão por toda essa Energia Criativa não haverá “desejos”. Quem sente gratidão não rouba, aprende-se no Oki do Yoga. Não roubar (Asteya) é um principio ético do Yoga tradicional. Gratidão incondicional (kanza) é um princípio humanístico para ser incorporado na primavera.

Mente e a Continuidade do Qi
A tradição do Yoga concebe a mente (citta) como um princípio cósmico e não apenas uma força individual. Ou seja, se expande para uma dimensão coletiva e cósmica. Vejam só, então: puxar para si, para o interior, fragmentos dessa mente, é a essência do yoga. E, é, através desta mente (citta) que podemos conhecer o que permeia o cósmo. Quando queremos saber “quem somos” é hora de meditar, capturar este Prana afetivo que nos faz matar a saudade de si mesmo.
A formulação do Qi
A formulação do Qi é outro aspecto fascinante. Não há como deixar de mensionar: a possibilidade de registrar, através de símbolos, o que o homem já compreende das manifestações da natureza é uma genialidade. A fórmula E=mc², tornou-se emblemática. Outras concepções são divinas: os sábios chineses expressaram a natureza do Qi através do símbolo do Tao. Mas, o que seria mais sagrado ou primodial do que o símbolo do OM que se atualiza, através do Yoga, e nos chega até o presente?
  Namaskar!
Odila Zanella é professora de Oki do Yoga em Porto Alegre RS
VOLTAR PARA ARTIGOS   CONTATO