Artigo publicado no Jornal Bem Estar nº67 MARÇO/09 - Porto Alegre RS |
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Estar no EIXO é a essência |
O ser humano sente-se mais seguro se fortalecer o Eixo.
A sabedoria oriental nos orienta a voltar ao centro e, no final
do verão, a Natureza nos convida. |
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Quando o movimento da energia expansiva alcança o limite no céu, o verão finda. O retorno acontece, não apenas na natureza, mas no movimento de nossas vidas. Para muitos a sensação é de volta ao isolamento, e para outros ao trabalho, estudo, rotina, estresse e tudo mais. Mas não precisa ser assim. Há outra possibilidade para um evento que se encerra: voltar ao centro. Esta direção nos dá confiança e segurança, mas existe não lá fora, e sim, dentro de nós mesmo, se atentos estamos.
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A QUINTA ESTAÇÃO |
Para nós ocidentais há quatro estações e quatro direções. A quinta estação, de nome canícula, tem direção centro e esta por conta da teoria dos Cinco Elementos. Esta quinta força, de equilíbrio central, resulta da participação agradável de todas as quatro estações. É observada no final de cada estação e principalmente no final do verão. Os dias são belos, pois há um comungar de climas antes de um novo movimento do Qi, ou seja, nova estação. |
TERRA COMO CENTRO |
Para os filósofos chineses o centro é o ponto cardeal que corresponde ao Elemento Terra. Sobre a Terra acomodam-se os demais elementos gerando uma força coesiva que dá o sustento - o centro. A Terra é o símbolo da estabilidade- limite e consciência visível-, enquanto o céu, do contrário, é intocável. Essa visão, corresponde no nosso corpo ao sistema yin-yang, baço-pâncreas e estômago. Entre os demais, estes órgãos representam centralidade e sua desarmonia pode ser observada, na área central do abdômem - próximo do umbigo-, com uma simples pressão. |
O EIXO COMO CENTRO |
O centro, que atrai todas as forças é Eixo. A palavra Chun significa Eixo. Assim: Chun-Tao - tao do centro, para os taoístas ou literalmente caminho; Chun-kuan - visão do centro, no budismo; Chun-yun - simplicidade do centro, para os confucionistas. Conceber as expressões destas filosofias tradicionais envolve ser Caminhante. Pensadores da atualidade também trazem sua visão e, sem citá-los, despertam ou contemplam mentes ocidentais dos mais diferentes matizes. Aos poucos entendemos que as formas mudam, mas o Eixo é Unico. O Eixo da Terra é uma referência física e macrocósmica e, o que está no macro, repete-se no microcosmo. |
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No final de cada estação manifesta-se a energia do centro. Seguir as leis da Natureza significa nos centrar, antes de começar um novo movimento, etapa ou estação. Depois do verão centre-se um pouco, evite lamentos, participe de algum grupo “silencioso”. A volta ao centro gera uma percepção mais ampla e sensível do que acontece a nossa volta: é este o jeito natural de sentir-se seguro.
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O EIXO NO SER HUMANO |
O equilíbrio integral, no ser humano, encontra-se na união de três eixos de natureza distinta:
A prática do Yoga busca , num primeiro estágio, o eixo físico que vai além da coluna ereta. Envolve centralidade orgânica, simetria nos segmentos do corpo, como o escapular e pélvico, assim como, a liberação de partes bloqueadas. Posturas são importantes, mas é apenas o começo.
Entretanto, mesmo não havendo um eixo físico regular, por algumas limitações, reconhece-se, em muitas pessoas, uma força que lhe dá sustentação: um centro; uma referência em si mesmo que supera e mantém conexão com o existir. É o eixo psicológico que, se bem conservado, nos assegura o equilíbrio em situações difíceis. |
A volta ao centro gera uma percepção mais ampla e sensível do que acontece nossa volta:
é este o jeito natural de sentir-se seguro. |
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Nos últimos estágios do yoga busca-se a terceira dimensão: o Vazio. O eixo é o que atua no movimento e não-movimento. Enquanto tudo se move o Eixo é quietude e quando não há movimento o Eixo é dinâmico. Os taoístas, ao explicarem o Tao, chamam-no de Vazio. Nas palavras dos Upanishads, Brahman é o Vazio, Brahman é vida, Brahman é alegria. No budismo é a realidade última, Sunyata - vácuo é o Vazio vivo que gera todas as formas do mundo dos fenômenos.
O vazio dos místicos orientais não é o vazio usual. Esse tem potencial criativo infinito, consciência pura. É mais esclarecedor se tentarmos buscá-lo do que perguntar, já que se manifesta-se somente se observado atentamente. É comparado ao campo quântico da física subatômica, onde uma variedade infinita de formas emergem e desaparecem de modo dinâmico e transitório.
A busca do Eixo deve estar presente em todas as situações. Não começe nada sem voltar ao Centro. Na prática do yoga, esteja meditando ou praticando posturas estáticas ou dinâmicas, a busca do Eixo deve ser constante. Eis a fonte de inspiração para continuar praticando. Dirigir-se ao centro é um desafio prazeiroso que desperta e nos integra ao todo. O sentimento é de transparência, certeza de exitir e paz espiritual.
O Homem que puder se sentir como uma Energia Única entre as forças opostas do Céu e da Terra, terá consciência do Eixo. Esse é um caminho da Totalidade. É o melhor que podemos sentir e oferecer aos outros.
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Odila Zanella é professora de Oki do yoga em Porto Alegre RS |
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